quinta-feira, 2 de setembro de 2010

OS EXECUTORES (OU A FALTA DELES)




Ontem o Fábio Balassiano colocou no ar um levantamento mostrando como o Brasil vem tendo dificuldades nos últimos anos para vencer partidas decididas por pequena diferença de pontos. E isso foi antes da derrota para a Eslovênia, ou seja, aconteceu mais uma vez. Além da questão psicológica apontada pelo Bala, eu queria colocar na mesa uma outra tese para ver o que vocês acham: o Brasil tem dificuldades para decidir confrontos no fim porque não tem jogadores com essa característica de "executor". Ou seja, o que os gringos chamam de clutch player, o cara que vai botar a bola embaixo do braço e fazer a cesta da vitória com certa frequência. Acostumado a isso.

Veja bem, isso nem é uma crítica, é só uma constatação. Existem outras seleções por aí que também não têm "executores" natos e dependem muito do jogo coletivo para construir suas vitórias – talvez Grécia e Sérvia sejam bons exemplos. Nossos jogadores da NBA cumprem nos EUA funções de coadjuvantes e não estão acostumados a decidir jogos. Nem mesmo Tiago Splitter, o melhor de todos, tem o perfil de botar o time nas costas e meter 30 pontos num jogo, como faz seu correspondente argentino, Luis Scola. São atletas diferentes, cada um com seu valor.

Vejo um monte de gente chamando Leandrinho de amarelão, dizendo que ele pipoca na hora H. É claro que a gente gostaria de vê-lo metendo uma bola atrás da outra no último quarto. Mas pensando bem, se essa não é a rotina dele ao longo do ano, por que a gente parte do princípio que ele vai fazer isso com a camisa da seleção? Se fizer (como faz Scola), ótimo, vira gênio. Se não fizer, cá entre nós, não parece normal? Numa Copa América da vida, tudo bem, até faz. Contra EUA ou Eslovênia, o buraco é mais embaixo.

Talvez o único no nosso elenco com esse perfil definidor seja o tão apedrejado Marcelinho Machado, que costuma decidir – e muito – no clube, mas na seleção assume um papel diferente. E nós somos os primeiros a dizer que o Marcelinho da seleção precisa chutar menos e se colocar num papel mais modesto. Até acho que precisa mesmo. Mas aí caímos nesse problema: não temos um "executor" e precisamos construir nossas vitórias torcendo para que elas não dependam de alguém fazendo 30 pontos ou de um arremesso no estouro do relógio.

Ora bolas, o Brasil não perdeu para a Eslovênia nas falhas ofensivas do último quarto. Perdeu porque defendeu mal e, principalmente, perdeu no apagão do segundo período, quando tomou 14 pontos seguidos. Ali, foi jogado no fundo do poço, e passou o resto do tempo correndo atrás de um adversário de bom nível. Era óbvio que, no fim da partida, nós estaríamos mais estragados que eles, no físico e no mental. E se já não temos "executores", imagina nessa situação. É por isso que às vezes me pergunto se, ao tratar uma derrota para a Eslovênia de forma apocalíptica, não estamos cobrando um passo além do tamanho da nossa perna. O que você acha? Diga aí.

Fonte: blog rebote

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